quinta-feira, 12 de junho de 2014

Ellen Church - A primeira aeromoça


Ellen Church
A primeira aeromoça
                                                      

A profissão, na sua origem, não era para mulheres. A primeira mulher a entrar para a aviação, como aeromoça, foi a americana Ellen Church, em 1930. Ela era enfermeira, mas tinha curso de pilotagem e procurava emprego de piloto na Boing Air Transport. Não conseguiu o sonhado trabalho e então sugeriu que a empresa aérea contratasse jovens enfermeiras para auxiliar no atendimento dos passageiros, caso eles se sentissem mal durante as viagens ou tivessem medo de viajar de avião. Sua sugestão foi aceita, ela se tornou a primeira “sky girl” (aeromoça) e abriu as portas da aviação para as mulheres.
Os argumentos de Ellen Church foram aceitos pela empresa e depois passaram a ser usados nas campanhas publicitárias das empresas que procuravam atrair um número cada vez maior de passageiros, numa época em que viajar de avião não era comum e exigia muita coragem. A ênfase nas qualidades femininas foi sendo explorada de tal forma que as empresas deixaram de contratar rapazes e a profissão passou a ser vista como essencialmente feminina. Anos depois, essa situação teve seu fim, quando um candidato ao trabalho de aeromoço foi recusado pela United Air Lines por ser homem. Ele questionou seu direito na justiça e ganhou a causa.

Na Europa, a primeira aeromoça, admitida pela Swissair, em 1934, foi Nelly Diener. O singular na, sua história, é o fato de ter sido ela a criar o seu próprio uniforme.
Durante muitas décadas, cada vez mais inovadores e atraentes, os uniformes das aeromoças foram usados nas campanhas publicitárias das empresas aéreas – que passaram a competir entre si – e ajudaram a criar o glamour que envolve a imagem dessa profissão.
Como consequência, a imagem da aeromoça, idealizada por homens e mulheres, passou a dissociar-se do trabalho que ela realizava a bordo das aeronaves. Depois dos primeiros tempos de encantamento, as jovens aeromoças se defrontavam com a dura e ambígua realidade: eram vistas como cinderelas, mas trabalhavam como gatas borralheiras! Para a maioria das jovens era difícil conciliar o duplo papel exigido pelas empresas e por essa razão elas pediam demissão ainda nos primeiros anos de voo.
As empresas, com suas campanhas publicitárias, continuavam a investir na idealização da imagem da aeromoça e gastavam muito dinheiro nos cursos de formação, enfatizando a importância da aparência física. Enquanto isso, a rotatividade na profissão era explicada como decorrência do status alcançado pela jovem que, durante as viagens, encontrava muitos pretendentes e saía da aviação para se casar.
No Brasil, apenas a partir de 1945 é que as empresas aéreas (Varig, Panair do Brasil, Cruzeiro do Sul e Real Aerovias) começaram a contratar mulheres na função de aeromoças. E mantiveram os aeromoços que, por muitos anos mais, ajudavam no carregamento e descarregamento das bagagens, um trabalho braçal cansativo, principalmente nas escalas pelo interior do país, onde a estrutura aeroportuária era ainda muito precária.
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