Ellen Church
A
primeira aeromoça
A profissão, na sua origem, não
era para mulheres. A primeira mulher a entrar para a aviação, como aeromoça,
foi a americana Ellen Church, em 1930. Ela era enfermeira, mas tinha curso de
pilotagem e procurava emprego de piloto na Boing Air Transport. Não conseguiu o
sonhado trabalho e então sugeriu que a empresa aérea contratasse jovens
enfermeiras para auxiliar no atendimento dos passageiros, caso eles se
sentissem mal durante as viagens ou tivessem medo de viajar de avião. Sua
sugestão foi aceita, ela se tornou a primeira “sky girl” (aeromoça) e abriu as
portas da aviação para as mulheres.
Os argumentos de Ellen Church
foram aceitos pela empresa e depois passaram a ser usados nas campanhas
publicitárias das empresas que procuravam atrair um número cada vez maior de
passageiros, numa época em que viajar de avião não era comum e exigia muita
coragem. A ênfase nas qualidades femininas foi sendo explorada de tal forma que
as empresas deixaram de contratar rapazes e a profissão passou a ser vista como
essencialmente feminina. Anos depois, essa situação teve seu fim, quando um
candidato ao trabalho de aeromoço foi recusado pela United Air Lines por ser
homem. Ele questionou seu direito na justiça e ganhou a causa.
Na Europa, a primeira aeromoça,
admitida pela Swissair, em 1934, foi Nelly Diener. O singular na, sua história,
é o fato de ter sido ela a criar o seu próprio uniforme.
Durante
muitas décadas, cada vez mais inovadores e atraentes, os uniformes das
aeromoças foram usados nas campanhas publicitárias das empresas aéreas – que
passaram a competir entre si –
e ajudaram a criar o glamour que envolve a imagem dessa profissão.
Como consequência, a imagem da
aeromoça, idealizada por homens e mulheres, passou a dissociar-se do trabalho
que ela realizava a bordo das aeronaves. Depois dos primeiros tempos de
encantamento, as jovens aeromoças se defrontavam com a dura e ambígua
realidade: eram vistas como cinderelas, mas trabalhavam como gatas
borralheiras! Para a maioria das jovens era difícil conciliar o duplo papel
exigido pelas empresas e por essa razão elas pediam demissão ainda nos
primeiros anos de voo.
As
empresas, com suas campanhas publicitárias, continuavam a investir na
idealização da imagem da aeromoça e gastavam muito dinheiro nos cursos de
formação, enfatizando a importância da aparência física. Enquanto isso, a
rotatividade na profissão era explicada como decorrência do status alcançado
pela jovem que, durante as viagens, encontrava muitos pretendentes e saía da
aviação para se casar.
No Brasil, apenas a partir de
1945 é que as empresas aéreas (Varig, Panair do Brasil, Cruzeiro do Sul e Real
Aerovias) começaram a contratar mulheres na função de aeromoças. E mantiveram
os aeromoços que, por muitos anos mais, ajudavam no carregamento e
descarregamento das bagagens, um trabalho braçal cansativo, principalmente nas
escalas pelo interior do país, onde a estrutura aeroportuária era ainda muito
precária.
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